Sonata de Nana Caymmi


O lugar é o Largo de São Sebastião em Manaus e o evento é o quinto dia do Amazonas Film Festival.  Muita emoção na exibição do magistral “Rio Sonata” de Georges Gachot numa produção franco-suiça. Noite bela, ao fundo o exuberante Teatro Amazonas, neste ambiente quente e acolhedor, assistimos a biografia de Nana Caymmi e ouvimos a voz de uma diva. Cantora carioca que não faz concessão quando o assunto é música. Depoimentos, imagens de arquivo, imagens da arte do cineasta francês. Um luxo, ouvir o repertório de Nana. Há muito venho pensando nela e estava mesmo sentido saudades. Mas voltou tudo. Sou um ser apaixonado e seres apaixonados não dispensam as canções selecionadas nas dezenas de discos de Nana. Tenho todos. Não tem uma música bola fora. Uma sequer que possamos dizer essa não. Uma música sequer que tenhamos o ímpeto de pulamos ao ouvir o disco de agora ou o de 30 anos atrás. Tudo está dentro. Todas tocam a alma. Todas possuem verdade. Todas falam da vida aqui neste mundo doido. Todas nos acalantam. Todas fazem chorar não de tristeza, mas de beleza.  Sim, chorar de beleza. No rico repertório tudo é escolhido pelo crivo do ouvido absoluto da grande dama da música popular brasileira. Uma mulher que vive no Rio e sofre pelo Rio.

O filme tem o Rio de Janeiro como cenário. Um cenário chuvoso, belo, triste e pobre. Apesar de tudo de bom e de mal no Brasil, nos valemos de termos uma artista da envergadura de Nana Caymmi e o relevante filme sobre sua vida e arte faz jus ao seu talento.

Para saber mais visite o site www.gachot.ch/gachot_riosonata.html

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O Bailado do Zé na Bienal

O Bailado do Deus Morto de Flávio de Carvalho  encenada na 29ª Bienal de Sâo Paulo. Nas rampas do edifício de Niemeyer  Pavilhão Ciccillo Matarazzo o público seguia o fio de Ariadne  no labirinto moderno e contemporâneo das artes sob a regência de Zé Celso Martinez Correa.

Buscando brechas, rostos, falas, cenas, um lugar aqui ou lá no outro andar.    Encantamento pelas primeiras impressões e sentidos que a arte do Teat(r)o Oficina propõe, seduz, provoca, critica, se posiciona, canta, dança e representa. Maravilhado pelo enorme cacete. Maravilhado pela nudez grega, maravilhado pelos efeitos e figurinos inusitados. Maravilhado.

Assim passamos aquela tarde chuvosa, seguindo, buscando, beijando, querendo, sentindo e gostando. Música e tecnologia no espaço das curvas  nesta homenagem para o grande artista moderno.

Exemplar da sequência de desenhos que retratam a morte de Dona Ofélia, mãe do artista Flávio de Carvalho.

Para saber mais visite o site http://teatroficina.uol.com.br/

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INHOTIM

A sensação é de encantamento. O ambiente paradisíaco. Três dias em Inhotim são suficientes para mudarmos nossa forma de percepção das artes plásticas e de nosso Brasil.

O misto de jardim botânico e galeria de arte contemporânea dotam o parque de originalidade que dispensa comentários, só vendo. Em um lugar como Inhotim tive o raro privilégio de assistir a uma única apresentação do Teat(r)o Oficina em sua versão Macumba Antropófaga no Magic  Square do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade.

A tarde de 11 de outubro de 2010 ficará em minha lembrança como uma vivência exemplar da contemplação das artes moderna e contemporânea brasileiras.

É impossível esquecer Zé Celso Martinez Correa no centro da ação cênica ambientada em uma monumental obra de Hélio Oiticica. Sutis e intrigantes as sensações causadas nas diversas galerias do parque se destacam as galerias: Cildo Meireles, Adriana Varejão, cosmococa, Mata e Valeska Soares. Tudo isso sem falar nas obras exposta a céu aberto assinadas por grandes nomes tais como: Edgard de Souza, Tunga, Amilcar de Castro, Yayoi Kasuma e Chris Burden.

Hóspedes de uma casa de campo da peculiar Brumadinho. Testemunha de momentos felizes, destes que merecem ser divididos por amores e amigos. Que nos instigam a criar e a voltar sempre.

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O Mestre Gilberto Gil

Impressionante a participação de Gilberto Gil no filme “Uma Noite em 67” de Renato Terra e Ricardo Calil. O filme mostra a final do Festival da Record de 1967 que mudou os rumos da MPB no qual contava com os cinco finalistas e principais nomes da música popular brasileira de todos os tempos:  Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Edu Lobo.

O documentário mostra os bastidores do Festival fazendo contraponto  entre as entrevistas de jornalistas da época no evento com seus personagens centrais  comentando nos dias de hoje o quê aconteceu:  seus sentimentos, as sensações vividas aos  vinte e poucos anos de idade. Num roteiro inteligente que parte de um programa de auditório e que, para nossa surpresa, mostra particularidades da personalidade dos grandes nomes da MPB que não nos eram evidentes ou acessíveis. Do gérmen da Tropicália aos questionamentos sobre a postura estética, política e artística da geração passando pelas provocações inspiradas nas performances de Caetano e sua gangue, o filme expõe e discute as diferenças e as escolhas de daquele grupo talentoso de artistas músicos em início de carreira. Nesta dinâmica aparece com surpresa para todos nós espectadores o preparo e a desenvoltura de Gilberto Gil ao expressar-se, tanto nos temas relativos ao Festival de 1967, quanto em temas diversos relativos aos dias de hoje, principalmente pela eloqüência de suas palavras e pela forma clara e objetiva com que responde aos questionamentos de Cidinha Campos após as apresentações na grande noite do festival.

Gil em todos os momentos se mostra um homem íntegro, sábio, incrivelmente lúcido e seguro sobre os desafios que a existência nos apresenta. Impressionante a clareza, a transparência e a coragem com que aborda os temas que surgem com resgates dessa natureza. Impressionante também o saber de sua expressão artística e pessoal. O filme tem relevância e vale a pena ser visto por nos dar uma pitada de saber, daqueles saberes da vida, da existência que dispensa academicismos e hipocrisias midiáticas. Gil é o nosso mestre maior pela sua maravilhosa música e principalmente pelo seu exemplo de homem brasileiro com todas as alegrias e tristezas que isso significa. Vejam a performance de Gil, sua simplicidade e grandeza que neste filme nos são  ofertados de  modo impagável.

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O Teatro Oficina

Setembro, São Paulo, Rua Augusta, Bar Ecléticos. Noite alta com novos amigos. Véspera de um longo dia de sono. Em Sampa nosso roteiro é necessariamente noturno. A oferta de todos os prazeres da Rua Augusta não difere das noites da Lapa no Rio de Janeiro. Artistas, músicos, estudantes, DJs, cineastas, visitantes, estrangeiros, conhecidos.

Do bar com toldos negros que abriga vampiros de diversas tribos até as dez da manhã, penso em outro ambiente, agora alto, claro, luminoso e ainda assim medieval que nos remete aos tempos em que se encenava Sheakespeare, em suas primeiras montagens, trata-se de um teatro, o Teatro Oficina. Com uma estrutura que disponibiliza mais de três andares fiquei maravilhado  imaginando como eles utilizavam aquela proposta, pois ainda não tive o privilégio de assistir nenhuma montagem ali. Minha visita foi retribuição a um convite para um encontro descontraído durante o dia. Naquela fria tarde de domingo de caldo e cachaça conheci um grupo muito bonito de atores e produtores, composto por artistas jovens, visivelmente engajados, que tem como mestre o genial Zé Celso Martinez Corrêa. Gostei do clima e sai satisfeito por ter adentrado a famosa obra arquitetônica de Lina Bo Bardi.

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Os Deliciosos Dzi Croquettes

Assisti pela segunda vez ao filme Dzi Croquettes no Belas Artes em São Paulo. Gostei muito mais do que na estréia no MIX Brasil em Brasília. Gostei do maravilhoso resgate. É um filme que faz jus a uma constelação de talentos. Um arco-íris de beldades deliciosas. O filme nos situa do legado que a cultura brasileira recebeu desses atores e bailarinos incríveis.

 

Conheci Lennie Dale num verão dos anos 80 na paia de Ipanema no Rio de Janeiro. Era fim de tarde. De onde estávamos contemplávamos aquela paisagem exuberante e nos reconfortávamos com a brisa amena. Não sei como fui parar naquele lugar ao lado daquele homem de tanga minúscula em cima de uma canga imensa que nos abrigava e nos deixava muito à vontade. De rosto enrugado e com corpo rijo e atlético falava com meu amigo Cláudio Cavendish sobre seu trabalho com Elis Regina.

Naquela tarde especial, além de Cláudio estavam na esteira Marcelo e Ney, dois amigos muito jovens, lindos e muito apaixonados que se agarravam o tempo todo e chamavam à atenção de todos nós. Lembro que Lennie comentou comigo que aquela bela imagem dos amantes se beijando era algo raro na idade avançada em que ele estava. Perguntei para ele porque ele achava isso. Ele disse, lamentando, que aquela intensidade vai se perdendo com o passar do tempo, que não encontrava mais aquele ardor de sentimento entre pessoas de mais idade. Lembro que fiquei um pouco triste sentindo um tom de melancolia em suas palavras.

 Eu tinha vinte e pouquíssimos anos e tudo se mostrava exuberante para mim no Rio, me senti muito bem ali, mais exatamente me senti acolhido nas minhas inquietações e dividi com aquele senhor uma enorme identificação. Ele admirava como eu aqueles dois, nos deliciamos com a doçura daquele amor se manifestando ali na areia em nossa frente. Simples e belo de causar constrangimento aos que passavam. Fiquei durante muito tempo ali na imensa canga oriental, vendo aquele senhor fumando aquele cigarro colorido sustentado por uma araminho super chique. Mais tarde recolheu a tanga, despediu-se e entrou na cidade.

Quando vi o filme me lembrei desse episódio e me vi enredado de muitas sensações. Para mim ficou evidente a generosidade daquele momento e principalmente daqueles artistas visionários e libertários.

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A Coragem da Alma Imoral

Mais uma vez, e agora com muito mais ênfase, sou tomado por profundas reflexões sobre nosso livre arbítrio, sobre nossa conduta diante da vida, em razão das provocações que nos são lançadas pela maravilhosa interpretação de Clarice Niskier na peça “A Alma Imoral”, texto de Nilton Bonder  que voltou a ser encenada aqui em São Paulo no Teatro Augusta.

Para se ter uma idéia do nível de questionamento que somos levados a pensar e refletir, no espetáculo a alma nos é apresentada como imoral e o corpo como moral invertendo toda a nossa estrutura de princípios. A partir de parábolas judaicas, o texto nos revela que é a alma que rompe e transgride a tradição e não o contrário, o corpo.

Comparando o conceito de “tradição” com o conceito de “traição”, o texto de Nilton Bonder argumenta que nem sempre o correto da tradição é o bom do momento. Segundo ele, a maior traição que o homem pode cometer é contra si mesmo.

O homem que se mantém acomodado é um traidor.

O homem que não rompe com o certo do passado em troca do bom do presente é um traidor.

Máximas como estas nos são ditas com uma clareza tamanha que precisamos de um esforço considerável, para não sermos tocados pela força transformadora que possuem.

Arrisquei ver este espetáculo com quem amo. Arrisquei pela precariedade com que me sinto nesta história, acostumado que estava com a segurança insegura do casamento. Mas a minha necessidade de transmitir o que acredito adicionada a minha sinceridade de sentimentos me impediu de não mostrar o que para mim é muito, muito revelador. Estou arriscando me entregar, mesmo sem saber onde vou parar. Será que o que estou vivendo tem futuro promissor? Não sei. Será que tudo que estamos vivendo é o início de um karma? Tampouco sei sobre isso também. Só sei que estou tendo a coragem de sentir e a paciência de esperar.

Esperar pelo tempo do outro.

Esperar por cada nova descoberta.

Esperar pelo gozo que vem aos poucos.

Esperar pelas conseqüências da extrema identificação que sentimos um pelo outro.

Persevero acreditando no amor. Sou romântico e como muito bem disse Vander Lee, “românticos choram com baladas e pensam que o outro é o paraíso”.

Sigo assim acreditando na verdade dos sentimentos e na beleza do encontro.

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O Sucesso do Cena Contemporânea

Estamos na ressaca do melhor evento de cultura de Brasília, trata-se da décima primeira edição do Festival Internacional de Teatro Cena Contemporânea que proporcionou ao público brasiliense do dia 24 de agosto a 05 de setembro uma imersão cultural de 13 dias com uma programação que contemplou produções teatrais de Brasília, do Brasil e do mundo.

Além dos espetáculos teatrais o evento proporcionou o encontro entre realizadores das artes cênicas e da música com a extensa programação do Ponto de Encontro, espaço disponibilizado no Museu da República como o objetivo da troca de experiências e confraternização.

Esta edição confirma a importância do Cena Contemporânea no cenário da cultura em Brasília e no Brasil. O evento movimenta a cidade e instiga os interessados em Teatro a sair de casa e ocupar as diversas salas, auditórios e espaços onde acontecem as propostas, vivências, peças, performances e tudo o mais que se refere às diversas formas de expressão que as artes cênicas possibilitam. A edição deste ano mostrou um embrião de uma proposta mais aberta que teve a generosidade de perceber e receber no Museu da República e em espaços alternativos produções que independem de teatros ou salas de espetáculos para a sua realização. É o caso da excelente performance de Willian Lopes e da peça Entrepartidas do Teatro do Concreto.

A seleção Nacional contou com a participação de grupos como o Galpão que abriu, em grande estilo, o Festival com seu Till – A saga de um herói torto. De grande relevância a seleção internacional apresentada privilegiou a língua espanhola com produções de diversos países da América Latina e Espanha, mas também contou com trabalhos representantes de outros países tais como: Israel, Portugal, Suíça e Itália.

De modo geral tanto a seleção nacional como a internacional trouxeram espetáculos que discutiam o fazer teatral, peças como Neva do Chile e  as duas releituras de Nelson Rodrigues são obras que atualizam a discussão sobre o teatro. Estes trabalhos favorecem a discussão dos profissionais e elevam a qualidade do evento possibilitando inclusive articulações políticas de relevância para o setor.

Para o encerramento do Festival o público teve a oportunidade de assistir a uma apresentação que veio do outro lado da Europa, mais exatamente da Sérvia veio o grande nome da música européia Sr.  Goran Bregovic & The Wedding and Funeral Orchestra.

Nestes dias de comemoração tivemos a oportunidade de conversar bastante sobre temas teatrais, técnicas, referências literárias e grandes nomes do teatro, da música, da literatura e das artes plásticas. Uma cornucópia de talentos estava nos palcos, nas platéias e na grande pista de dança que uniu a todos numa grande confraternização no Museu da República. Nestes momentos a companhia constante do meu querido Diego Azambuja (ator) foi fundamental para a troca de contatos e de experiências, nos divertimos, rimos e conversamos muito sobre o que mais gostamos de ver, ouvir e fazer.  Claro que tudo que vivemos nestes últimos dias saiu das cabeças desses grandes realizadores: Guilherme Reis, Dimer Monteiro e Alaor Rosa. Somos muito gratos a toda a equipe do Cena Contemporânea e que tenhamos a felicidade de participarmos de muitas outras edições do Festival, que estes completos onze anos de existência sejam apenas o início de uma longa carreira cheia de sucesso e realizações.

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Teatro do Concreto: Orgulho de Brasília

São 6 horas da manhã estou em Santiago no Chile apaixonado e pensando como pude me exilar assim? Como pude fazer isso comigo quando minha vontade era estar em Brasília ao lado do meu amor? Como a gente faz coisas sem respeitar as nossas verdadeiras inclinações e desejos? São lamentáveis os boicotes que fazemos a nós mesmos. Como sofremos inspirados em ilusões frias e sem sentido, quando o que queremos está justo na nossa frente, ao nosso lado, andando conosco?

Irritado com o recepcionista que não quis aceitar o meu cartão e pensando naquela peça que vi ha cinco dias atrás e que me impacta até agora. Que trabalho legal! Que trabalho generoso! A peça fala de perdas absolutas e desencontros totais.  Entrepartidas usa os espaços da cidade de Brasília como nunca havia visto no teatro. Posso estar falando o óbvio desatualizado. Mas foi uma experiência única que vou guardar para sempre.

A viagem começa na Rodoviária do Plano Piloto e desfia sua trama num roteiro poético o drama de uma dezena de personagens. Passando pela W3 e pelo coreto da praça da 705 Sul somos tomados por histórias fortes de desenlaces sofridos e incrivelmente cotidianos. Da falta de noção e dificuldade de encontrarmos a casa onde continua a peça a platéia, se é que podemos falar em platéia numa proposta assim, se vê, de fato com o sentimento de abandono impregnado por um dos personagens. A peça fala sim de abandonos horrorosos, que são vividos ao longo das nossas vidas sem nos darmos conta deles por serem muito triviais.

Na casa um chá e mais despedidas e revelações inquietantes. A saída da casa e clímax maior da ação dramática se desenvolve embaixo do céu de Brasília tendo uma entrequadra das 700 Sul como cenário para a ação dramática da nossa miserável  existência contemporânea.

Esta vivência promovida pelo Teatro do Concreto em mim foi e ainda está sendo essencial.  Não tem como não ficar atendo a tudo que é denunciado e que faz parte do nosso dia-a-dia de seres humanos cosmopolitas loucos sem noção da vida. Já sou fã desse Grupo desde a peça o “Diário do Maldito”, mas agora tenho a confirmação pois já nem sei mais qual foi o nível de profundidade que fui levado a refletir sobre a nossa existência afetiva. Este Grupo sinceramente merece reconhecimento pelo profissionalismo com que executam sua proposta. Posso estar falando bobagem, mas fico um pouco acalentado de saber que alguém sente como eu sinto, me conforto em perceber que outros vêem o mundo com um olhar que busca compreender essas mazelas habituais que nos afetam tanto e que não nos damos conta mais das conseqüências que nos trazem.

Subjetividade que se relaciona com outra subjetividade, subjetividade que se identifica com outra subjetividade deixa de ser subjetividade e se torna percepção crítica, lógica e consciente da realidade.

Sem mais delongas para não ficar mais piegas, o dia já está amanhecendo e tenho que ralar aqui nesta cidade chilena sofrida com duas catástrofes: um terremoto/maremoto que ocorreu no início do ano e o grande susto dos últimos dias com o desabamento da Mina de cobre São José e que ainda deixa 33 mineiros soterrados com vida ha mais de 800 metros embaixo da terra.

Ficha Técnica do Espetáculo Entrepartidas

Criação: Teatro do Concreto
Dramaturgia: Jonathan Andrade
Elenco: Alonso Bento, Gleide Firmino, Jhony Gomantos, Lisbeth Rios, Maria Carolina Machado, Micheli Santini, Nei Cirqueira, Silvia Paes e Zizi Antunes
Elenco Convidado: AdilsonDias, Larissa Calixto, Christiane Cysneiros, Jeferson Alves, Maria Lindete, Mário Luz, Thamiris Saraiva e Samara Maia
Direção Geral: Francis Wilker
Assistente de Direção: Ivone Oliveira
Assistente de Direção de Cena: Aline Seabra
Músico e Diretor Musical: Daniel Pitanga
Desenho de Luz: Diego Bresani
Figurinos e Direção de Arte: Hugo Cabral e Júlia Gonzales
Produção: Neide Nobre
Duração: 2h30min
Classificação indicativa: 16 anos

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Caetano Veloso by Jacob and Friends

Simplesmente lindo e maravilhoso o ensaio do show da banda Jacob and Friends dedicada a Caetano Veloso. A banda que se apresentou como parte integrante da edição deste ano do Projeto Cometa Cenas do Departamento de Artes da Universidade de Brasília, tem a seguinte formação: Fernanda Jacob- voz e violão(foto); Tiago Medeiros- violão; Kael Studart- voz e violão(foto); Karinne Ribeiro- voz(foto); Elisa Carneiro- percussão e guilherme Cascais- Gaita.


Com roteiro bem construído que contemplou obras de diversas fases do compositor bahiano  e ainda com diversas participações especiais transformaram a tarde de sábado num momento de celebração a Tropicália. A cenografia e os figurinos foram produzidos por Kael que se inspirou nos parangolés de Helio Oiticica. Momento impagável aconteceu no ponto alto antropofágico quando a platéia devorou uma melancia. A espontaneidade das meninas Karinne e Fernanda somadas as tiradas non-sense de Kael promoveram um clima mágico de delírio e emoção.  A platéia composta de professores e amigos do grupo foi provocada com as diversas tiradas da banda insinuando as diversas possibilidades cênicas herdadas de José Celso Martinez. Menos racional essa galera quer ser feliz e seu discurso afirma a liberdade de criação. Como uma banda cover, em cenário alternativo inspirado no oriente, não negam suas influências, ao contrário, afirmam a paixâo pela música com uma sofisticação barroca bem à moda Doces Bárbaros.

Ver Kael  Studart interpretar Caetano com tanta paixão é um deleite e tanto. Essa banda tem tudo pra arrasar. Conceito, talento e um frescor bem inspirado que há muito não presenciava. Delícia que deve ser saboreada por um público muito maior. Espero que Jacob and Friends  perseverem e não desistam de se apresentar em outros espaços apropriados de Brasília  para o público candango que tenho certeza vai amar essa bela e promissora trupe de jovens atores e músicos.

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