Assisti sozinho ao filme “Ouvir o Rio” que registra a obra sonora de Cildo Meireles numa sala de projeção dos cinemas Itaú Cultural no Casa Park em Brasília. Tocante e muito reflexivo.
A genialidade do artista é flagrada pelo documentário que revela um pouco do percurso de criação de um dos grandes nomes da arte contemporânea hoje. Cildo surpreende e nos mostra como a liberdade da arte nos possibilita ver aspectos dificilmente captados pelas metodologias e processos científicos. A poesia naturalmente humana revela o que precisa ser visto. Das Catararas do Rio Iguaçu à Pororoca na Amazônia passando pelas nascentes da estação ecológica das Águas Emendadas em Brasilia e finalizando ao mesmo tempo refletindo sobre o maravilhoso rio Sao Francisco. Cildo criou uma obra que mapeia o som dos rios das principais bacias hidrográficas brasileiras. Das nascentes, com a delicadesa de suas fontes, até o encontro cada vez menos exuberante entre o rio com o mar.
O registro das gargalhadas em estúdio nos intriga por não sabermos se são de contentamento pela beleza do que podemos experimentar ou pelo horror da insensibilidade presente no comportamento de muitos num pais tão diverso como o Brasil.
Um brinde à fina elaboração do produto final de sua dedicada atuação de artista maior: um LP, um vinil desenhado que sintetiza tudo, poetiza, emociona e alerta.
Para maiores informações acesse:
http://cildomeireles.blogspot.com.br